Socorro!
Era uma bela manhã de fins de maio, época preferida pelos cineastas para filmar cenas externas no trópico de Capricórnio, onde e quando o Sol incide limpo sobre a terra, atravessando uma atmosfera sem nuvens. Era uma bela manhã de fins de maio, época preferida pelos cineastas para filmar cenas externas no trópico de Capricórnio, onde e quando o Sol incide limpo sobre a terra, atravessando uma atmosfera sem nuvens. O set de filmagem estava montado na areia da praia, ao fundo o mar carioca. Por vício, Alice deu uma última ajeitada no cabelo e colocou-se na posição que o diretor lhe havia indicado. – Câmera, ação! Ela começou a despir-se, delicadamente tirando uma a uma as peças de seu vestuário, fazendo aparecer seu magnífico...
Leia MaisO Cordeiro
Três quarteirões até chegar em casa numa tarde quente, a mochila pesada de livros, o suor molhando, mais um dia inteiro de aulas chatíssimas, felizmente ficou para trás. Jogar-me no sofá, ligar a tevê e não pensar em mais nada, era o filme que rolava em minha testa por dentro, meu desejo. Mas quando cheguei, o pesadelo começou. Três quarteirões até chegar em casa numa tarde quente, a mochila pesada de livros, o suor molhando, mais um dia inteiro de aulas chatíssimas, felizmente ficou para trás. Jogar-me no sofá, ligar a tevê e não pensar em mais nada, era o filme que rolava em minha testa por dentro, meu desejo. Mas quando cheguei, o pesadelo começou. Já estranhei a porta destrancada. Minha avó, já bem idosa, e a irmã dela,...
Leia MaisPaís Laico
Um monge budista passeava pelo centro de Jundiaí, quando foi gentilmente abordado por atores diante de um teatro, convidavam os passantes a assistirem de graça ao espetáculo “O Evangelho segundo Jesus, a Rainha do Céu”. O inusitado título chamou a atenção do monge, que apesar de não acreditar em nenhum deus, era um estudioso de crenças religiosas. Resolveu assistir, deve ser muito interessante. O que mais o agradou no espetáculo foi o fato do personagem Jesus ser representado por uma atriz transexual. Sabia que grande parte do povo do planeta comungava a fé cristã, a seu ver, não apenas ilusória, machista. Por que Deus e Jesus, seres abstratos, sempre foram descritos como homens? Entendeu que a novidade da peça tentava recolocar as coisas em seu...
Leia MaisAsilo
Certa noite, após um jantar em família, falavam por ele em sua presença, decidiam sobre assuntos cuja responsabilidade até então lhe pertencia. Entendeu que estava mesmo próximo do fim. O já combalido ego tentou protestar, mas não por mais de alguns segundos, pois ao contrário dele, o cérebro encontrava uma compensação: não ser mais responsável por nada, fazer o que quiser, não fazer nada, como o Buda sentado embaixo… Entretanto a coisa não era bem assim. Já se encontrava no crepúsculo da vida, o tempo corroía seus músculos, suas carnes. Colocar meias nos pés já era cansativo, correr, nem pensar… Mas depois a coisa foi piorando: come isso, não come aquilo, olha o remédio, toma banho, faz exames, nada de frituras, obedece aos...
Leia MaisBloco de Carnaval
Dona Odília assistia ao noticiário televisivo quando se apresentou um bloco de carnaval preparando-se para o grande evento. Encantou-se com o rebolado de um mulato e teve a ideia de criar um bloco de senhoras da pior idade. Primeiro, anunciou na Internet – Apareceram pouco mais de dez candidatas. Ótimo! Isso quer dizer que a ideia não é fruto de senilidade, ou seria? Precisava se munir de coragem para convidar as amigas, temidas por suas línguas viperinas, que não hesitariam um segundo em dizer que ela estava gagá. Valentemente, dona Odília fez os convites. Surpresa, quase todas amigas aceitaram participar da primeira reunião, talvez a última, que ao todo contou com a presença de um bom grupo. De entrada, um chazinho de folhas de coca para animar a...
Leia MaisA vingança da escrava Isaura
Isaura, meu bem, pode chegar mais pra lá? – Tomou banho ou só fingiu? – Passei até perfume. – Escovou os dentes? – Já. Cheira… Agora posso deitar? – Antes tire esse pijama. Vamos transar um pouco. – Agora, Isaura? É que estou tão cansado, amor, trabalhei oito horas, depois malhei na academia, se você soubesse… – Larga de papo. Vamos ver se essa coisa cresce na mão da mamãe. – Perdão, benzinho, acho que não vou conseguir… – Não é hora de conversa fiada. Se concentra no bagulho! – Amanhã tenho de acordar cedo, por favor, Isaura, me deixe dormir. – Sabe o que eu acho? Que você tem de parar de malhar na academia. Vai acabar brochando de vez. – Mas estou gordo. Se não malhar… – Já disse. Prefiro um...
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