Utopia

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Na Grécia antiga, berço da democracia. Os homens passavam o dia praticando esportes, frequentando os banhos públicos e fazendo política. Na praça, aproximadamente 6 mil cidadãos se juntavam todos os dias. Ali discutiam e resolviam os destinos de Atenas e do vasto império grego. A cada 30 dias novos dirigentes eram eleitos, não havendo assim tempo para a corrupção se instalar.

Democracia, em sua origem, significa “poder do povo”. E assim era. Mas de qual povo? As mulheres e os escravos eram excluídos. Mesmo assim, nunca depois houve uma democracia tão autêntica, pois o chamado povo tinha tempo para ficar discutindo problemas, enquanto seus escravos de guerra se ocupavam da manutenção da família.

Hoje não temos escravos, precisamos trabalhar, cuidar da família, então elegemos representantes para praticarem a democracia por nós – os políticos.

Nos primórdios da democracia, os políticos eram chamados de oradores, aqueles que tinham a capacidade de persuadir as pessoas com suas palavras. A “deusa da persuasão” era reverenciada, musa dos oradores, dos políticos. Assim, até hoje se valoriza como um bom político aquele que tem a capacidade de usar as palavras e suas inflexões, para convencer as pessoas do que quiserem. Assim como os advogados, que são capazes de defender ou atacar uma mesma tese com o mesmo ardor e dramaticidade, dependendo de qual lado os financia, os políticos também carregam nos ombros a “deusa da desconfiança”.

As campanhas eleitorais são baseadas em promessas: farei isso, farei aquilo… Há candidatos a vereador e a deputado que prometem asfaltar ruas, aumentar o salário, criar mais hospitais, etc. Mas quem pode fazer essas coisas é o poder executivo, os prefeitos, governadores e o presidente. Aos deputados e vereadores cabe apenas legislar e fiscalizar o executivo. Mas o povo não sabe disso, e é iludido.

Uma eleição baseada em promessas, já nasce suspeita. Os candidatos majoritários, os prefeitos, prometem cargos em sua futura gestão. Assim compram cabos eleitorais, pessoas formadoras de opinião e até candidatos da oposição que retiram suas candidaturas em troca dos cargos prometidos. Quem vive nas cidades pequenas tem mais acesso ao que acontece, e sabe que depois de eleitos, poucos políticos cumprem tais promessas. Adquirem alguns inimigos, mas o que importa? Já estão com o poder na mão.

Como saber se um candidato pode ser um bom representante do povo? Quem tem tempo ou possibilidade de investigar a vida de cada candidato antes de tomar uma decisão? Não é possível conhecer todos os candidatos. Haveria outras opções além das promessas? Que tal se os candidatos mostrassem aos eleitores quem realmente são, o que estudaram, em que trabalharam, para que estão preparados, um currículo verdadeiro, enfim? Infelizmente sabemos que isso é uma utopia.

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