Alcebíades

G

alindo, foi ao cassino encontrar-se com seu amigo, o belo jovem Alcebíades, assíduo frequentador do lugar. Afoito, procurou por toda parte e nada. Por que teria se atrasado? Adoecido? Não atendia ligações…

         Carente, já estava desanimando quando o jovem galã surgiu na entrada do cassino de braços dados com um senhor já beirando a terceira idade. Seria seu pai? Nunca dissera nada a respeito da família, ninguém poderia imaginar que alguém trouxesse o próprio pai àquele antro de luxúria. Quando Galindo se aproximou, o rapaz disse ao senhor que trazia pendurado em seu braço:

  – Querido, apresento-lhe Galindo, meu professor.

– Prazer em conhecê-lo – respondeu Galindo – E o senhor, é o pai dele?

– Imagine! Sou a esposa desta belezura, meu Alcebíades. Prazer em conhecer um professor do meu marido – adiantou-se o velhote.

Galindo estremeceu, quase ia caindo quando Alcebíades o segurou e cochichou-lhe ao ouvido: Vê se não me atrapalha. Este velho é podre de rico. Vai me levar pra Europa amanhã… Ele é tudo o que eu sonhava. Caia na realidade, você é pobre, me esquece!

Galindo estremeceu, a palidez tomou conta de sua pele, o frio apoderou-se de todo o corpo, enquanto via seu amado afastar-se, dando beijocas na orelha da inesperada esposa. Depois de tantos anos de dedicação, de amor sincero, estaria brincando? O rapaz era bem-humorado, mas isso…

O homem não queria acreditar, mas então, viu um beijo tão prolongado que o jovem aplicava na dita esposa, e tudo se fez real. E agora, como viver sem aquelas carícias, como preencher o vazio daquele ventre faminto…

Foi ao balcão do bar e bebeu até sentir-se amortecido, embriagado. Chorava ao assistir a intimidade que ocorria entre rapaz e o velhote ricaço.  Voltou ao hotel onde havia reservado vaga para uma noitada com o amante traidor e matou-se.

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