LOLA

Zorro precisava de uma esposa. Fui ao canil municipal para onde levam os cães capturados nas ruas. Havia mais de vinte deles, sequiosos de um dono, presos num espaço cercado por alambrado. Pulavam na grade, pedindo socorro, talvez intuíssem que se ninguém os tirasse dali dentro de um mês, seriam assassinados.

Apenas uma cadela não veio até a grade. Ela se manteve distante, subiu num caixote, olhou para mim de longe e ganiu como quem diz: olha eu aqui.

Quando os demais cães se afastaram da grade – talvez por entender que não seriam escolhidos – ela desceu do caixote e veio ao meu encontro, faceira, balançando o rabo, lambeu minha mão. Então, fixou os olhos nos meus – num instante eterno, éramos um.

É claro que foi ela a escolhida, ou melhor, a que me escolheu. Zorro adorou a noiva, e viveram felizes por muitos anos.

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