Fios de Água
Agulha anestésica na veia, eu, despencando num escorregador aquático, desemboquei em transparências, tudo límpido. Água entrava e saia pela boca, pelo nariz, como faz o ar. Maravilhado: cardumes coloridos brincando, recifes azulados, raias sobre minha cabeça flanando quais naves alienígenas e, sensualmente estiradas na areia branca, sereias peladas ou vestidas de peixe, lindas, acenavam… O que é bom, dura pouco, dizem os filósofos populares. Praquele momento, o dito serviu, porque logo surgirão tubarões para acabar com a alegria. Três deles, bocarras dentadas crescendo em minha direção. Queria fugir, mas não conseguia mover o corpo. Estava paralisado, talvez de medo. Nunca antes tinha passado por um sufoco tão grande: lembrei que não sabia...
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