Premonição

Descia a montanha, caminho estreito serpenteando entre árvores e arbustos, ar muito quente, sol de verão, o corpo tudo sentia. Apressava-se, sabedor de que lá embaixo um  lago de águas frescas o esperava, seu imediato sonho de consumo. Quanto melhor imaginava o frescor, mais seu corpo fervia. Já ouvia o marulhar de cascata, quando um som talvez humano, talvez um riso ou ganido de alegria, ressoou pela mata. Brecou o ímpeto, ralentou a descida, silêncio cuidado, as mãos afastando a folhagem para enxergar mais longe, até que viu: ela, brincando no lago como uma criança. Imóvel, espiando, a respiração presa, estaria nua? Tomara que sim, desejava, os olhos focando, captando a mulher  aos pedaços – aqueles que se expunham acima da superfície da...

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